Resumo: 

  • Existem dez tipos de inovação que a sua empresa pode implementar de maneira rápida e fácil.
  • O framework da consultoria Doblin é bem realista e oferece um importante guia para gerar a inovação. 
  • A melhor maneira de conseguir uma vantagem competitiva é usar variadas abordagens ao mesmo tempo.

Muitas vezes a inovação é colocada num altar, como se fosse inacessível, etérea e digna de poucos iniciados que entendem os termos, nomenclaturas e processos. Para piorar este cenário, existem dezenas de metodologias, toolkits e frameworks para gerir a inovação.

Um dos mais práticos – e bem pé no chão – é o livro Dez tipos de inovação, criado por Larry Keeley e lançado no Brasil em 2015. 

Keeley está à frente da Doblin, uma consultoria de design e planejamento estratégico comprada pela Deloitte em 2013. No mesmo ano, publicou The ten types of innovation and the discipline of building breakthroughs (Wiley, 2013).

O time da Doblin pegou uma lista de 2.000 inovações bem-sucedidas, incluindo o Cirque du Soleil, os primeiros mainframes IBM e o Ford T. Por meio de um algoritmo proprietário, eles conseguiram encontrar padrões que nos dão uma visão de quais são os elementos de um empreendimento inovador. 

Os dez tipos de inovação, infográfico adaptado da consultoria Doblin
Os dez tipos de inovação no infográfico adaptado da consultoria Doblin

Observaram que as inovações podem ser categorizadas em dez tipos. O autor explica a sua pesquisa de maneira didática e bem-humorada no vídeo.

Keeley criou três categorias para classificar os dez tipos de inovação: configuração, oferta e experiência. Confira mais detalhes na lista e boa leitura!

Configuração

Compreende o ambiente interno da empresa

A seção de Configuração do framework 10 tipos de inovação. Essa parte compreende o ambiente interno da empresa.

Modelo de lucratividade

Esse tipo de inovação não é só a forma como o seu negócio vai ganhar dinheiro, mas a maneira que a sua organização transforma o valor em lucro. Toda inovação custa algo para ser produzida e deve sempre gerar mais valor para a organização do que a sua produção. 

O tópico está intrinsecamente relacionado com o modelo de negócios inovadores. Ou seja, não basta apenas introduzir novos recursos ou funções em seu produto ou serviço, mas pensar em modelos de negócios totalmente novos.

Existem variadas formas de gerar lucro como a compra e venda ou as assinaturas. Empresas como o Pão de Açúcar e a Folha de S. Paulo são ótimos exemplos, uma comercializando bens de consumo no varejo, a outra vendendo informação exclusiva produzida pelo seu time de jornalistas e colunistas. 

Rede

A conexão da sua empresa com outras organizações e indivíduos gera valor, ainda mais numa era em que a internet, a digitalização e a globalização são elementos fortes que marcam nosso tempo. Na sociedade atual, torna-se imperativo que a sua empresa desenvolva uma boa rede de pessoas e parceiros. A inovação aberta é um exemplo de modelo de inovação em rede, onde empresas utilizam os recursos e a tecnologia umas das outras, compartilhando riscos e benefícios. 

O Mercado Livre, por exemplo, usa a estrutura da Amazon AWS para seus servidores, uma companhia que também é seu concorrente direto no mercado de marketplace. Já a FEMSA, de origem mexicana, é uma das maiores distribuidoras de bebidas na América Latina e tem uma aliança de longa data com a Coca-Cola.

Estrutura

Esse tipo de inovação trata dos ativos da empresa, tangíveis e intangíveis, e de como organizá-los e alinhá-los para obter melhores resultados, gerar lucro e criar uma rede. Para inovar em nível estrutural, é preciso olhar para as tarefas e processos da sua companhia e dividir as atividades em: 

  • essenciais. 
  • o que não é importante. 
  • o que pode ser melhorado.
  • o que pode ser realizado fora.

Uma das formas mais populares de inovação em estrutura é a terceirização de atividades que não são o fim da empresa. Existem literalmente milhares de companhias que delegam para terceiros processos como contabilidade, limpeza e segurança, criando um lucrativo mercado para essas fornecedoras.

Processo

A inovação de processos é um dos tipos mais conhecidos entre gestores e executivos. Refere-se aos processos internos que uma organização utiliza para desenvolver e entregar seus produtos e serviços, sua competência central. Significa criar uma metodologia única para se destacar no mercado. É possível inovar para melhorar a eficiência, reduzir o tempo de produção ou ter menor custo.

Um exemplo de inovação em processo é a produção lean, baseada em estoques mínimos, alta produtividade e uma forte parceria com os fornecedores da cadeia de suprimentos. A japonesa Toyota adotou essa metodologia nos anos 1970, conquistando uma grande fatia de participação no mercado automobilístico, uma vantagem competitiva que perdura até hoje.

Oferta

Foca no produto, serviço ou portfólio

A seção de Oferta do framework 10 tipos de inovação. Essa parte foca no produto, serviço ou portfólio da empresa.

Desempenho do produto

A inovação em desempenho se concentra no valor e nas características singulares que fazem o seu produto ou serviço ser melhor do que os concorrentes. Pode ser uma melhoria de qualidade, design, um conjunto de funcionalidades exclusivas, preço, segurança, sustentabilidade, entre outros. O desempenho é o tipo óbvio de inovação: a maior parte das pessoas pensam nele quando falamos deste assunto. 

O Google é um case de sucesso de um produto com melhor desempenho e mais fácil de usar do que seus concorrentes na época, como o Altavista e o Yahoo!. Ainda hoje, o buscador é uma referência em pesquisas na internet, tendo mais de 90% deste mercado, sendo líder em um segmento onde figuram nomes como Bing, Baidu e Yandex. 

Sistema de Produto

Esse tipo aborda os produtos e serviços complementares à sua inovação, algo que é criado em torno da sua oferta principal. A inovação do sistema de produtos refere-se a melhorias que uma empresa faz para garantir que seus produtos funcionem em conjunto com outros complementares. 

Essa inovação:

  • cria mais valor do que somente o produto sozinho. 
  • reforça a sua posição no mercado.
  • atende necessidades complementares. 
  • aumenta o conhecimento da marca.
  • traz uma maior lucratividade.

Duas empresas se tornaram grandes conglomerados ao vender bundles, ou seja, pacotes de produtos que funcionam de maneira integrada. Uma delas é a Microsoft, que tem no Office uma das suas áreas mais lucrativas. A Adobe segue a mesma linha, oferecendo o Creative Cloud, um conjunto de softwares de fotografia, vídeo, áudio e design voltados para criadores de conteúdo. 

Experiência

Aborda o usuário ou a percepção dele sobre o valor que a sua empresa entrega

A seção de Experiência do framework 10 tipos de inovação. Essa parte aborda o usuário ou a percepção dele sobre o valor que a sua empresa entrega.

Serviço

Embora a maior parte dos profissionais já entenda a importância de um bom serviço, ainda existe muito espaço para inovação nesta categoria, que trata do relacionamento entre a sua organização e o consumidor. É preciso pensar em como pode-se melhorar a comunicação com o cliente, aumentar a satisfação e a fidelidade, tornar o produto mais fácil de usar e ainda criar uma boa experiência.

Esse tipo de inovação pode ajudar a resolver possíveis desafios durante toda a jornada de consumo, motivando o cliente a experimentar o produto e defender sua compra entre amigos e colegas.

A Magazine Luiza é um dos melhores exemplos de uma empresa brasileira reconhecida por seu excelente serviço e marketing, sendo uma das ações mais queridas na Bolsa de valores. Outro case é o do St Marché, um supermercado para clientes de classe A, que tem nas prateleiras produtos exclusivos. A rede oferece um serviço superior e personalizado, com a ideia de encantar os clientes. A varejista tem cerca de 20 lojas e um faturamento estimado em R$ 800 milhões. 

Canal

A inovação em canais é como suas ofertas são entregues para os clientes. Trata-se do processo utilizado para conectar seus produtos e serviços com os consumidores. Os canais físicos são os mais tradicionais, mas o comércio eletrônico e outras tecnologias digitais se tornaram importantes no mundo empresarial. 

A Globo sempre esteve presente nas televisões de todo o Brasil. Mais recentemente está testando a venda direta de alguns conteúdos. Antes, para assistir os canais pagos, era preciso comprar pacotes de operadoras como Claro, Vivo ou Sky. Agora, a Globo permite streaming desses conteúdos por meio dos aplicativos Globoplay e Premiere, cobrando uma mensalidade.

Outro case é do PagSeguro, que se firmou como uma empresa que vendia máquinas de cartão, e agora diversificou o seu portfólio e oferece serviços típicos de banco, se posicionando como uma carteira digital. 

Marca

A marca é um dos bens mais valiosos de qualquer organização. É a maneira como o seu produto ou serviço é percebido por pessoas de fora, trazendo embutida um conjunto de valores, crenças e atributos. Ela representa suas ideias e seu posicionamento no mercado.

Esse tipo de inovação ajuda os clientes a reconhecer, lembrar e preferir uma marca em detrimento de outras. Para que os consumidores escolham a sua marca, é preciso fazer as promessas certas e ter uma identidade clara, para que as pessoas se identifiquem com o que a sua empresa acredita.

Não tem como falar de inovação em marca sem citar a Apple e a Samsung. As duas líderes do mercado de smartphones no mundo figuram sempre no ranking das maiores marcas globais. Ambas conseguem fazer a oferta dos seus produtos soar mais valiosa aos ouvidos dos consumidores. No Brasil, o Corinthians e o Flamengo também são vistos como marcas que atraem a paixão de milhões de pessoas.

Envolvimento do cliente

Esse tipo de inovação é sobre como uma organização pode interagir com os clientes de maneira mais assertiva. Os produtos e serviços de maior sucesso conseguem identificar as aspirações e desejos dos consumidores, obtendo insights e criando uma experiência de consumo mais prazerosa, muito além da expectativa.

O Facebook e o YouTube são companhias de mídia que têm no engajamento do público o seu modelo de negócio. É por meio dos acessos frequentes que as duas plataformas conseguem gerar bilhões em receita. Elas usam (e às vezes abusam) de seus algoritmos para ofertar uma curadoria de conteúdos personalizada pelos interesses dos usuários, oferecendo em contrapartida uma publicidade altamente segmentada para seus anunciantes. 

Conclusão

Os dez tipos de inovação produzidos pelo time de Keeley apontam quais áreas a sua organização precisa investir para se destacar no mercado. A categorização é bem realista e oferece um importante guia para gerar a inovação. 

Se você quiser, a consultoria Doblin oferece de maneira gratuita um estudo com 100 táticas para inovar na sua empresa. 

Confira 100 táticas de inovação no infográfico produzido pela Doblin (em inglês)

É possível usar a estrutura acima para analisar seu produto ou modelo de negócio, testar os pontos fracos da concorrência ou ainda encontrar novas oportunidades.

E vale lembrar: a melhor maneira de conseguir uma vantagem competitiva é não pensar nessa categorização como tópicos excludentes e usar variadas abordagens ao mesmo tempo. 

Keeley diz que para chegar num nível de excelência, é preciso combinar ao menos cinco destes tipos de inovação.

Para ele, é preciso pensar em inovação de forma integrada. Ou seja, uma empresa pode combinar uma inovação de desempenho de produto com uma de marca. Ou mesmo uma inovação de rede com a de canal. E assim por diante.

É possível afirmar que quanto mais diferentes tipos de inovações a sua empresa for capaz de combinar, mais bem-sucedida ela será, desde que seu objetivo seja gerar valor para as pessoas.

Qual dos dez tipos de inovação você gostaria de explorar mais? Se quiser, pode contar para a gente. Temos consultores que podem ajudar a pensar em inovações para a sua companhia. Até a próxima!