Confira um guia completo sobre inovação aberta
Em todo o mundo, as empresas estão entendendo a importância da inovação aberta para criar produtos, serviços, campanhas de marketing e modelos de negócios melhores e mais eficazes. Os benefícios são muitos, ainda mais num cenário de crise econômica.
Com a inovação aberta, é possível desburocratizar os processos internos, reduzir custos, antever novas demandas de mercado e o surgimento de tecnologias disruptivas, gerar uma imagem positiva frente a clientes e concorrentes, ter maior agilidade para enfrentar cenários adversos e aumentar a geração de valor financeiros e intangíveis.
Existem diversas formas de inovar, mas o conceito de inovação aberta vem ganhando força no Brasil e no mundo nos últimos anos. Significa que a empresa, para prosperar, necessita ter a colaboração e interação do seu público interno com parceiros externos, que podem ser fornecedores, universidades, centros de pesquisa, concorrentes e até mesmo os consumidores.
A inovação aberta é importante pois é uma maneira moderna de se inovar, buscando dar mais agilidade e reprodutibilidade aos processos de inovação.
A SENNO nasceu com a missão de descomplicar a inovação aberta e para ajudar clientes e parceiros a realizar essa jornada de maneira efetiva, deixando o empreendedor ou gestor totalmente focado no negócio. Afinal, a sua energia deve estar em gerenciar o negócio e não resolver os problemas inerentes a adoção de uma técnica de gestão.
Por isso, escrevemos este post. Queremos auxiliar executivos a entender as nuances sobre o assunto e como extrair valor das práticas de inovação aberta. Se você quiser se aprofundar no tema da inovação, convidamos a ler o whitepaper exclusivo do método SENNO, onde analisamos os desafios atuais para manter-se competitiva e relevante.
Vamos lá!
Índice
Conceito de inovação aberta
Inovação aberta é importante para aproveitar a abundância de conhecimento
Quem cunhou o termo inovação aberta (em inglês, Open Innovation) foi o pesquisador americano Henry Chesbrough, que em 2003 publicou o livro Open Innovation: The New Imperative for Creating And Profiting from Technology (Harvard Business School Press). O autor afirma que o ambiente de negócios possui uma abundância de conhecimento, que precisa ser distribuído e aproveitado. Logo, o ambiente interno e externo está interconectado, visando facilitar o fluxo de conhecimento. No modelo de inovação aberta, uma empresa comercializa suas próprias ideias, assim como a de outras organizações em novos mercados.
Ele ressalta a necessidade de estruturar redes internas e externas que tornem a oportunidade uma capacidade adicional de seu modelo de negócio.
Se, por exemplo, a iniciativa está relacionada a automatizar o atendimento ao cliente, é preciso que a área responsável integre uma ferramenta de automação adequada e faça a gestão desta.
Estas redes de conhecimento permitem a colaboração para um desenvolvimento melhor, mais rápido e mais barato da inovação, transformando oportunidades em valor para a organização. Existem algumas estratégias que se pode adotar para ter proveito da inovação aberta.
Estratégias de Inovação Aberta
Confira os processos para usar a inovação aberta
Comprar/Incorporar
Quando o custo de desenvolver uma nova tecnologia for maior que adquirir por terceiros, é interessante para a organização fazer essa aquisição. Porém é preciso analisar se haverá dificuldades na assimilação, manutenção e aperfeiçoamento do conteúdo adquirido. Alguns exemplos são as aquisições da Del Valle pela Coca-Cola (2006), Beats pela Apple (2014) e WhatsApp pelo Facebook (2014).
Buscar
Criar conhecimento internamente pode ser muito demorado e/ou dispendioso. Fora da empresa, há uma abundância de conhecimentos disponíveis que podem ajudar no desenvolvimento da inovação e que requerem pouco investimento. Devemos lembrar também que o mundo atual é extremamente conectado e o volume de informação só tende a crescer. Logo, nenhuma organização detém de fato todo o conhecimento de determinada oportunidade de inovação. Portanto, buscar informações externamente mostra a importância de realizar a inovação aberta.
Alguns casos de sucesso bem conhecidos são da Procter & Gamble (P&G), que nos anos 2000 criou a estratégia Connect & Develop de inovação aberta e teve bons resultados. A Lego criou em 2008 o projeto Ideas, que premia as contribuições do público que são comercializadas com 1% dos royalties.
Vender
Esta é uma forma de comercializar ou licenciar suas propriedades intelectuais para terceiros, quando esta estratégia é interessante sob a ótica financeira ou da inovação. Organizações como a Nasa licenciam o direito de uso de algumas de suas tecnologias patenteadas. Desde 1976, a Nasa tem mais de 2.000 produtos e tecnologias que melhoram a vida na Terra. Outras companhias de grande apelo popular como a Mauricio de Sousa Produções e a Disney tem nos licenciamentos de marcas e personagens uma importante fonte de receita.
Revelar
A forma que hoje as inovações são disseminadas permite que elas sejam rapidamente copiadas. Faz sentido então licenciar ou revelar sua inovação para que ela seja compartilhada, converta-se em um padrão do qual você pode se tornar um fornecedor de referência ou usar inovações complementares para de fato obter lucro.
Existem empresas que fazem uso dessa estratégia para estimular mercados e obter retornos direta e indiretamente. O Google usa essa tática com o Android, que tem uma natureza de código aberto e se tornou o sistema operacional mais usado em smartphones. A Tesla é outro exemplo. Ela licencia as suas tecnologias automotivas para outros fabricantes, de maneira a financiar sua pesquisa e desenvolvimento.
História da inovação aberta
O conceito se tornou importante a partir dos anos 2000
Em entrevista ao canal EIT InnoEnergy, Henry Chesbrough explica que essa teoria começou a se consolidar na sua cabeça por conta do trabalho dele na indústria de tecnologia nos Estados Unidos. Antes de ser professor, Chesbrough trabalhou na Quantum, empresa que vendia discos rígidos para computadores. Ele ficava curioso de entender que mesmo tendo concorrentes maiores, como a IBM, a empresa conseguia ter êxito no mercado.
Como pesquisador em Harvard, Chesbrough teve acesso ao departamento de pesquisa e desenvolvimento da Xerox, o PARC. Essa divisão inventou marcos no mundo tecnológico como o mouse, a impressão a laser, a interface gráfica para usuário e a porta Ethernet, base de toda a comunicação de computadores em rede.
Foi então que ele entendeu que boa parte das inovações geradas no PARC tiveram sucesso fora da Xerox. Existe uma fake news de que Steve Jobs copiou o uso do mouse e da interface gráfica para os primeiros computadores Macintosh. Essa história não corresponde à realidade cronológica de acordo com a Universidade de Stanford, mas ela demonstra o impacto desse time para todo o desenvolvimento da tecnologia nos Estados Unidos e no mundo.
Após a pesquisa, Chesbrough começou a elaborar de maneira teórica a importância da inovação aberta e como ela poderia ser benéfica para empresas, consumidores e governo. Seu primeiro artigo, a The Era of Open Innovation, foi publicado na revista MIT Sloan Management Review em 2003. Ele abre o texto afirmando que as empresas estão começando a repensar cada vez mais o modelo de gerar ideias e como colocá-las no mercado, aproveitando contribuições externas para alavancar o seu departamento de P&D.
Embora o professor tenha sido responsável pelo arcabouço teórico da inovação aberta, empresas de todo o mundo já utilizam dessa prática há muitos anos. Na Alemanha, isso se deve também a questões legislativas e regulatórias. Os colaboradores têm voz nas decisões das empresas, com um assento nos Conselhos de Administração.
O país também tem um grande histórico de desenvolvimento de produtos e serviços inovadores em parceria com universidades e centros de pesquisa que lhe renderam o primeiro lugar na lista de países mais inovadores da Bloomberg. Isso vale para outros países como Coreia do Sul, Cingapura e em menor escala no Brasil.
Sabendo que a prática precede literatura teórica, podemos dividir a história da inovação aberta em três marcos distintos:
Um deles é o anterior à criação da empresa moderna, como uma forma de cooperação entre países ou mesmo para resolver grandes problemas nacionais. O desenvolvimento da margarina é um dos primeiros relatos que temos sobre inovação aberta.
O imperador Napoleão III, sobrinho de Bonaparte, enfrentava uma escassez de manteiga, por conta de uma grave crise econômica. Em 1869, ele promoveu um concurso para criar um produto alternativo. O vencedor foi o químico Hippolyte Mège-Mouriès, que criou um alimento com sebo de boi, úbere de vaca e leite. O nome é devido a cor pérola do produto, que em grego significa margaron.
O segundo marco pode ser definido com o surgimento dos primeiros departamentos de pesquisa e desenvolvimento nas empresas americanas e o registro de patentes e de propriedade intelectual como uma forma de diferenciação no mercado, isso no início do século XX.
Os grandes estúdios de Hollywood, foram criados nessa época e, ironicamente uma das grandes defensoras das legislações atuais antipirataria, achavam a propriedade intelectual como um obstáculo. Isso se deve pois Thomas Edison tinha patentes das primeiras câmeras cinematográficas e criou uma empresa, a Motion Pictures Patents Company, para processar quem usava a sua tecnologia e não pagava pelos direitos.
A partir dos anos 1950 começa o terceiro marco da historiografia da inovação aberta. É quando se institucionaliza o processo de P&D e se começa a desenvolver os estágios mais clássicos para criar a inovação, que é a pesquisa básica, a pesquisa aplicada, a produção e a comercialização. Se quiser saber mais sobre o tema, a leitura do whitepaper da SENNO pode ser uma boa referência.
Inicialmente o desenvolvimento de novos produtos e negócios era guiado majoritariamente pelo P&D, na sequência essa responsabilidade foi repassada aos times de marketing. Em algum ponto dos anos 1980, começou-se a adotar modelos mais integrados que usavam conhecimentos externos para o desenvolvimento da inovação, bem como ouvir com mais clareza o que os consumidores têm a dizer. Inclusive, esse movimento se dá quando começa a surgir a informatização nas empresas, tornando o acesso e comunicação do conhecimento mais ágil, uma das características mais importantes da inovação aberta.
Inovação aberta e inovação fechada
A inovação aberta é importante para encontrar novas oportunidades
A inovação fechada é a forma tradicional de desenvolver a inovação, sendo usada durante a maior parte do século XX, por meio da criação de centros de P&D para descobrir, desenvolver e comercializar produtos, serviços ou processos.
Neste modo, uma mesma organização gera, desenvolve e comercializa suas próprias ideias, uma filosofia de autossuficiência que dominou a operação de muitas corporações. Mas existe um novo modelo que está se tornando padrão, a inovação aberta.
Isso se dá por diversos motivos.
Por um lado, gastar mais em P&D não garante necessariamente o sucesso da inovação: não há correlação a longo prazo entre a quantidade de dinheiro que uma empresa gasta em seus esforços de inovação com seu desempenho financeiro geral, de acordo com pesquisa da PwC.
A inovação aberta, por outro lado, permite encontrar oportunidades no mercado e reduzir o risco, o custo e o tempo associados à geração de propriedade intelectual interna.
A inovação aberta também é uma mudança cultural. O desenvolvimento da inovação é muitas vezes baseado no que as empresas já sabem e não no que está disponível no mercado. Quem adota o modelo aberto está inovando em parceria com pessoas de fora, compartilhando assim os riscos e as recompensas do resultado e do processo.
Olhar para o ambiente externo dá acesso a mais ideias e tecnologias, algumas das quais podem fornecer a base de descobertas para criar oportunidades de negócio.
É importante reconhecer que o conhecimento e a experiência dos colaboradores são necessariamente limitados e que os regulamentos e processos internos podem representar gargalos para o desenvolvimento de novas ideias.
O licenciamento ou a compra de tecnologias, por exemplo, pode alavancar a capacidade do seu time, que passa a se concentrar nas inovações que já estão sendo realizadas dentro da organização.
“A inovação aberta é no fundo sobre operar em um mundo de conhecimento abundante, onde nem todas as pessoas inteligentes trabalham para você. Então é melhor você procurá-las, conectar-se com elas e construir algo em conjunto”, Henry Chesbrough.
A inovação aberta é categorizada em três processos:
- Outside-in: integrar o conhecimento externo no processo de inovação, ao ouvir clientes, fornecedores e parceiros.
- Inside-out: venda do conhecimento interno que não faz parte do core business, por meio de licenciamento a terceiros.
- Coupled: é a combinação das duas abordagens para criar um padrão no mercado e se destacar nele.
Seja qual for o processo, o objetivo é ter um retorno maior com o investimento na inovação, sendo uma abordagem mais moderna para qualquer empresa permanecer competitiva em mercados em rápida mudança.
As três facetas da inovação aberta
Saiba o que dizem os estudos mais recentes sobre o tema
Em seu mais recente livro, Open Innovation Results: Going Beyond the Hype and Getting Down to Business (2020), o professor Chesbrough atualiza a importância do conceito da inovação aberta e aborda sobre as três facetas da infraestrutura de inovação e como elas geram valor para consumidores, países, empresas e organizações, conforme você pode observar na pirâmide abaixo:
A primeira faceta é a Geração de inovação, que acontece por meio da criação de conhecimento via investimento público (principalmente) e privado, com a participação de universidades e centros de pesquisas.
Durante os anos em que os Estados Unidos investiram em pesquisa científica, houve um grande crescimento das tecnologias que foram a base da criação de novos mercados e aumento da produtividade da força de trabalho.
Quando os gastos começam a diminuir na década de 80 a produtividade puxada pela inovação tecnológica começou a crescer mais lentamente
A segunda faceta é a Disseminação de inovação, onde são realizados investimentos em mercados e infraestrutura que façam uso da inovação. Ou seja, é importante investir em pesquisa e desenvolvimento não só para ter inovações próprias, mas também para conseguir absorver os conhecimentos de terceiros.
A disseminação de inovação pode parar ou diminuir quando há a presença de monopólios, por isso a importância de processos antitrustes, que aconteceram no passado com empresas como a AT&T e a IBM (e que agora podem se repetir com o conjunto de empresas GAFAM, sigla para Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft cinco maiores companhias de tecnologia dos Estados Unidos).
A decisão do governo americano de forçar a AT&T a licenciar suas patentes fez com que nascesse o mercado de eletrônicos a partir dos anos 1950. O processo que a IBM sofreu nos anos 1960, permitiu separar as divisões de hardware e software, incentivando a criação de uma indústria de aplicativos.
Por fim, existe a faceta da Absorção da inovação, em que as empresas necessitam ter visões de longo prazo compartilhadas, onde o foco está em implementar o conhecimento gerado e disseminado nos tópicos anteriores.
“A absorção de inovação – a faceta que pega os insumos gerados e disseminados da organização (ou sociedade) e os coloca para funcionar, incorporando a inovação em uma unidade organizacional e modelo de negócio que pode entregar, dimensionar e sustentar a inovação”, explica Chesbrough.
Para explicar as facetas o pesquisador cita as tecnologias para a criação das cidades inteligentes (Geração). Elas existem há um bom tempo, mas ficaram limitadas a desenvolvedores e entusiastas (Disseminação). A Absorção do conceito de smart cities, ainda está para acontecer, pois o valor que ela cria depende da própria adoção em massa da tecnologia.
Entender esse fluxo, ajuda empresas e governos a tomarem decisões sobre investimentos para extrair valor destas inovações e a coordenarem seus esforços de inovação aberta.
Por que a inovação aberta se tornou tão importante?
O modelo foi adotado pelo mercado para gerar valor e reduzir riscos
A inovação aberta se tornou importante por conta do mundo veloz e incerto dos tempos atuais. O formato foi adotado pelo mercado como forma de gerar valor e diminuir o risco de desenvolvimento, assim como aumentar o engajamento do time.
Essa série de empresas inovando começam a criar ecossistemas de inovação com propósitos em comum para resolver grandes problemas de nossa sociedade, indo além da busca por lucro. Veja mais detalhes sobre cada uma dessas tendências.
O mundo VUCA acelera a inovação
Uma das melhores definições sobre o ambiente de negócios corporativo atual é o mundo VUCA, sigla em inglês para Volátil (Volatile), Incerto (Uncertain), Complexo (Complex) e Ambíguo (Ambiguous). O conceito foi criado por uma escola do Exército americano nos anos 1990 para definir a relação entre países e empresas após a Guerra Fria.
A agilidade na tomada de decisão hoje é vital. As startups, por exemplo, conseguem ‘pivotar’ em poucos dias. Em uma semana, podem mudar pontos importantes de sua estratégia de inovação ou até mesmo aspectos centrais do plano de negócios.
As grandes corporações tendem a ser lentas. Existe um ditado que essas empresas levam semanas até reunir todo o time para um encontro. Na reunião, é normal que a primeira decisão seja organizar outra reunião.
As empresas, especialmente as grandes corporações, perceberam este novo ambiente e estão se adaptando ao mundo VUCA, onde a mudança acontece de maneira veloz. Este foi um dos motivos para o conceito de inovação aberta ganhar tração.
As organizações estão removendo os limites tradicionais de seus modelos de negócio para serem mais eficientes no desenvolvimento da inovação, ao alavancar suas redes de conexões.
A inovação agora é descentralizada
Como consequência do mundo VUCA e da globalização do comércio, temos cadeias de produção fragmentadas. Hoje, uma empresa deve ter uma rede complexa e distribuída ao redor do mundo para entregar sua proposta de valor. A Apple, por exemplo, conta com mais de 200 fornecedores para produzir o iPhone.
A CNBC traçou o caminho necessário: começando com o design feito por engenheiros da companhia na Califórnia, os processadores fabricados pela TSMC em Taiwan, que são embalados e testados nas Filipinas e, por fim, o iPhone é montado pela Foxconn na China.
Se quebrarmos os materiais para desenvolver o chip de processamento, descobriremos que elementos como o silício, fósforo e boro vêm de diversos países, desde a África do Sul, China e até a Austrália.
Com tantos parceiros é difícil e contraprodutivo tentar centralizar todo o processo de P&D e inovação de cada componente. Faz mais sentido compartilhar planos para novos lançamentos (inside-out) e coordenar iniciativas de cocriação (outside-in) com seus parceiros, já que o sucesso do celular garante as receitas do fornecedor e de produtos complementares como capinhas, carregadores e outros acessórios (coupled).
Organizações como a Apple, sabem da importância da inovação aberta e adotam metodologias ágeis para gerenciar este processo. Conseguem fazer uso intensivo de conhecimentos externos, envolvendo clientes, especialistas e consultores independentes, que trazem novas informações e conhecimentos para encontrar soluções.
Ao adotar o desenvolvimento compartilhado, um colaborador externo pode ter visto o mesmo problema em uma situação semelhante em outra organização e este conhecimento pode ser chave para o sucesso do projeto na sua empresa.
O mercado adotou a inovação aberta
As empresas que adotam a inovação aberta tendem a ter mais sucesso financeiro. Uma pesquisa de 2013 conduzida por Sabine Brunswicker e pelo professor Chesbrough, Managing Open Innovation in large firms, com 125 grandes empresas de faturamento superior a US$ 250 milhões, descobriu que aquelas que empregam o conceito estão satisfeitas com o impacto e a performance:
O nível médio de satisfação foi de 4,68 (em uma escala até 7), o que indica uma visão positiva dos entrevistados.
“Cerca de 78% das empresas informam que praticam a inovação aberta. Para a maioria delas (71% em nossa amostra), o apoio para inovação aberta está aumentando e nenhuma empresa abandonou o conceito. Esta evidência sugere fortemente que a inovação aberta não é uma moda que está prestes a desaparecer”.
Em seu livro mais recente, Open Innovation Results, Chesbrough cita estudos que empregam a base de dados europeia Community Innovation Survey. O texto corrobora a tese de que as organizações que usam mais fontes externas de conhecimento obtêm melhor desempenho em inovação, do que aquelas que usam somente fontes internas.
A General Mills faz uso bem-sucedido da inovação aberta. A empresa de alimentos é dona de marcas como Häagen-Dazs, Kitano e Yoki e teve uma receita global em 2019 de US$ 16,9 bilhões. Lançou em 2007 a iniciativa General Mills Worldwide Innovation Network (G-WIN), que ajudou a melhorar a lucratividade e aumentou a sua participação de mercado em US$ 2 bilhões. Leia mais sobre o case neste post.
Inovação aberta cria ecossistemas
O termo ecossistema, emprestado da biologia, vem sendo utilizado para denominar agrupamentos corporativos que se conectam, interagem e se relacionam para gerar crescimento em rede. O modelo de ecossistemas de inovação permite um novo cenário: a cocriação de inovações e a geração de sinergias ao conectar diversas organizações.
Leia mais no whitepaper método SENNO para Gestão da Inovação.
A categorização dos ecossistemas pode ser feita por setor, como as fintechs, que são startups do mercado financeiro. Ou mesmo geográfica, como o Vale do Silício, nos Estados Unidos, e a província de Shenzhen, na China.
Outra análise é por capacidades: imagine uma empresa que realize a produção de cosméticos white label, com capacidade de produzir, embalar e transportar, mas não a de comercializar produtos para o consumidor final. Há também a combinação por interesse estratégico, como mapear empresas de diferentes setores que ofereçam soluções substitutas ao seu produto.
Essa visão de ecossistemas é complementar ao conceito de inovação aberta. Um ecossistema de inovação acontece quando organizações, indivíduos e comunidades desempenham, cada uma dentro de suas possibilidades, um papel significativo na criação de valor, transformando novas ideias em realidade. Foram estes ecossistemas de inovação aberta os responsáveis por criar o movimento das startups.
As vantagens de criação de um ecossistema são muitas. Quando uma grande corporação se associa com uma startup, ela pode usufruir de novas tecnologias e processos advindos delas. Assim, consegue capturar esse know how externo para inovarem juntas.
Outro benefício da atuação em rede é pegar ideias ou projetos gerados internamente que não se encaixam com seu modelo de negócio atual e desenvolvê-los externamente. Essa ação tem potencial de criar fluxos de receita sem comprometer o negócio principal.
Um bom exemplo de ecossistema são as organizações envolvidas com código aberto, como a Automattic e a Mozilla, que usam o conhecimento e feedback coletivo para desenvolver produtos como o WordPress e o Firefox, respectivamente. Outro expoente que demonstra a importância da inovação aberta é o GitHub, que nasceu como uma rede social para compartilhamento de códigos e recentemente foi comprado pela Microsoft por US$ 7,5 bilhões.
Entre os maiores desafios para a criação de ecossistemas é que ele seja vantajoso para todas as partes. Ou seja, um ecossistema deve gerar valor, financeiro ou outro, para todos os atores da cadeia. Criar um ecossistema do zero é a maior dificuldade, uma vez que ele está competindo por recursos com outros ecossistemas. Mas uma vez que ele esteja estabelecido, consegue atrair novos participantes pela vantagem.
As lojas de aplicativos Google Play e App Store são serviços de distribuição digital que funcionam como uma plataforma, para que outros desenvolvedores possam vender seus aplicativos. Foi difícil criar este hábito de compra, mas uma vez que ele se tornou comum, foi criado então o lucrativo mercado de aplicativos para celular.
Além da criação de demanda, outro desafio é o acesso a capital e a validação da ideia no mercado. Não são poucas as startups que falham em conquistar consumidores para seus projetos. Uma maneira de remediar essa situação é o crescente mercado de hubs de inovação, aceleradoras, incubadoras e parques tecnológicos. Essas organizações dão suporte para que a empresa nascente possa ganhar escala e auxiliam no relacionamento dela com grandes empresas.
Evita que a empresa fique ultrapassada
A inovação aberta é uma forma importante para as empresas bloquearem ataques de outras companhias. Isso acontece, pois, as empresas líderes estão cada vez mais sujeitas à disrupção por parte de novas empresas devido a mudanças na tecnologia, processos e ambiente de negócios. Neste sentido, evita-se o Dilema do inovador, termo cunhado por outra referência nos estudos de inovação, o professor Clayton Christensen.
Ele observa que as empresas de sucesso confiam por muito tempo em seus modelos de negócios já estabelecidos e não se abrem para inovações, especialmente aquelas criadas fora de seus próprios domínios. Ele examina também que há uma tendência de se favorecer a inovação incremental em relação às radicais ou breakthrough.
Para responder ao dilema, a abordagem aberta pode ser uma boa solução.
“Um dos principais benefícios da inovação aberta é que ela permite que as empresas ultrapassem suas fronteiras organizacionais e aproveitem a experiência externa, com um conjunto mais amplo de indivíduos, do que elas poderiam alcançar com o modo tradicional de inovação”, escreve em seu site pessoal.
Confira os cases de duas vítimas da disrupção em seus respectivos mercados.
A Nokia, uma companhia finlandesa criada em 1865, dominava o mercado de smartphones até o lançamento do iPhone, em 2007. A empresa insistiu no desenvolvimento do seu sistema operacional Symbian, que era mais limitado do que os concorrentes e tinha poucos aplicativos disponíveis.
Hoje é uma marca licenciada da HMD Global, organização criada por ex-funcionários que usa o sistema operacional mais popular do planeta, o Android. Mas está longe de recuperar o terreno perdido. Caso a Nokia tivesse adotado uma estratégia de outside-in, e firmado uma parceria com o Google, poderia ter mantido sua dominância.
A Kodak, outrora líder no mercado, criou em 1975 a primeira câmera digital. Mas o produto foi abandonado por medo de ameaçar a receita principal: a venda de filmes. Em 1990, criou uma estratégia de migração para o digital, mas não foi o suficiente.
A companhia viu cair as vendas de câmeras digitais devido a popularização dos smartphones e a entrada de novos concorrentes como a Canon, Nikon e Sony. Em 2012, a empresa não ficou bem na foto e entrou com um pedido de falência. A Kodak poderia ter evitado seu lento declínio usando estratégias de inovação aberta como licenciar a sua tecnologia de imagens digitais, garantindo uma fatia do mercado nascente.
Inovação aberta traz mais engajamento e propósito
A inovação aberta não é só uma questão de vantagem competitiva, é cada vez mais importante a responsabilidade social das corporações. Muitas das inovações disruptivas surgem a partir da cooperação de uma série de empresas engajadas no mesmo propósito, seja para oferecer opções de consumo mais sustentáveis, expandir as fronteiras do conhecimento humano, diminuir desigualdades sociais e econômicas, ou oferecer experiências mais gratificantes às pessoas.
Diana O’brien em seu artigo Purpose is everything para a Deloitte, coloca que o que separa negócios com propósito do resto é a longevidade e autenticidade. Organizações que lideram com propósito podem assegurar lealdade, consistência e relevância na vida de seus consumidores, enquanto crescem em média três vezes mais rápido que seus competidores.
Grandes mudanças não vão ocorrer sozinhas: a criação, disseminação e adoção das inovações dependem da coordenação e colaboração de muitas organizações para se efetuarem. Os desafios do século XXI exigem um nível de coordenação que apenas formas de inovação colaborativas permitem.
Estamos ao mesmo tempo realizando avanços tecnológicos que tornam possíveis vários tipos de utopias como a criação de formas de inteligência superiores ao ser humano e a erradicação da fome, ao mesmo tempo, a transformação digital ameaça o futuro do trabalho e a continuidade de nossa espécie.
Desafios da Inovação Aberta
Há uma série de barreiras a serem superadas
Apesar das vantagens de abrir seu processo de inovação, há uma série de desafios organizacionais e psicológicos que precisam ser superados para se desenvolver com sucesso uma estratégia de inovação aberta. Em seu livro Open Innovation Results, Chesbrough aponta para alguns desafios: o apoio da gestão executiva, financiamento e pessoas.
A mudança cultural exigida da gestão executiva
A arquitetura da inovação aberta enfrenta muitos bloqueios e limitações das formas tradicionais que as organizações funcionam. As culturas empresariais mais bem sucedidas da década de 1980 e 1990 prezavam a eficiência e o incrementalismo na inovação como maneira de vencer seus competidores. Ninguém abraçou melhor essas práticas que a fabricante de automóveis Toyota.
As empresas que adotavam essas práticas tinham uma receita para o sucesso: precisavam oferecer o melhor produto em uma faixa de preço com o menor custo possível. Para isso, focavam em diminuir desperdícios, retrabalhos e processos que não geram valor.
Essas ações são maneiras mais previsíveis de melhorar o balanço de uma empresa. Mas culturalmente essas práticas consolidaram líderes e colaboradores avessos a risco e obcecados por eficiência. Esse olhar sobrevive até hoje nas empresas e é o principal obstáculo para adotar a inovação. As cartilhas tradicionais não geram mais o mesmo efeito, o ambiente de negócios tornou-se VUCA. e as organizações precisam tomar cada vez mais riscos para não ficarem obsoletas.
Os líderes atuais precisam ser mais flexíveis e adaptáveis às constantes mudanças, empoderando seus times a se auto-organizarem e tomarem riscos sem receio de punições. Grandes empresas mais tradicionais tendem a ter dificuldade em realizar esta renovação cultural e alinhar suas iniciativas de inovação aberta com uma série de divisões e áreas de negócio. Tanto o alinhamento estratégico quanto as decisões orçamentárias precisam ser distribuídas de forma mais horizontal.
Financiamento engessado para inovar
Muitas firmas ainda realizam a alocação de recursos de maneira anual, ou seja, todos os recursos que serão usados no ano devem ser planejados e contabilizados antes mesmo do próximo ano começar. Essa abordagem engessa as possibilidades de inovação da empresa, já que sempre irão surgir oportunidades imprevisíveis ao passar do ano e um projeto promissor fica sem possibilidade de financiamento, pois ele precisa aguardar o próximo ciclo de planejamento orçamentário.
É preciso que projetos de inovação tenham a possibilidade de serem financiados sempre que fazem sentido e sem um impedimento. Grandes empresas inovadoras como a Intel oferecem fundos reservados expressamente para este tipo de ocasião, quando é necessário escalar um projeto no momento correto.
Pessoas com síndrome de que não foi inventada aqui
Organizações com uma forte tradição de P&D tendem a ser territorialistas quanto a soluções externas: em geral são vítimas de seu próprio sucesso anterior e sentem-se ameaçadas quando confrontadas com uma proposta que não veio “da casa”.
É preciso que uma cultura de inovação promova uma comunicação flexível que apresente não só a visão dos membros internos, como também de agentes externos que ofereçam proposições e insights relevantes. O papel dos inovadores e P&D internos, neste sentido, deve ser de patrocinadores da inovação externa, convencendo os demais que vale a pena investir em uma determinada oportunidade.
Pessoas com medo de parecer idiotas
A barreira do medo se apresenta de várias maneiras. O comportamento pode aparecer por receio de que algumas ideias falhem. Ou pior, de que elas sejam um sucesso tão grande que os outros olhem e se perguntem por que isso não foi feito antes.
Esse fenômeno também acontece devido ao gargalo natural entre a seleção e execução das ideias. Quando o número de ideias é grande demais para ser executado, há uma sobrecarga das áreas que oferecem suporte ao processo de inovação. Existe então uma tendência natural dos gestores de selecionar apenas ideias mais factíveis em meio a uma análise preliminar, o que provoca uma cegueira de decisão que impede inovações mais arriscadas de passarem pelo crivo inicial e torna o processo mais lento.
Como fazer a inovação aberta?
Desenhe uma estratégia e adote algumas ferramentas
O primeiro passo para avançar seus projetos com inovação aberta é delinear uma estratégia. Como já escrevemos aqui no blog, um dos segredos das organizações mais inovadoras é alinhar a sua estratégia de inovação com a estratégia de negócios.
A referência é o estudo Global Innovation 1000, produzido pela consultoria PwC. O texto aponta que as 88 empresas consideradas “inovadoras de alta alavancagem” tiveram um crescimento de vendas 2,6 vezes maior e um aumento de valor de mercado de 2,9 vezes maior em comparação com as outras empresas da lista entre 2012 e 2017.
Cumprida essa primeira etapa de alinhamento, existem alguns formatos de captura de ideias que podem ser aplicados em empresas de todos os setores que visam facilitar a troca de ideias entre os colaboradores e a gestão delas com parceiros externos.
Muitos deles já existiam anteriormente, mas ganharam evidência à medida que a inovação aberta se tornou cada vez mais popular e foram atualizados pelo desenvolvimento da tecnologia. Confira algumas soluções na lista abaixo.
Softwares de gerenciamento de ideias
Aplicativos para gerenciamento de ideias, como o SENNO, são ferramentas úteis para que uma organização inove de forma eficiente junto a seus colaboradores, parceiros e usuários. Permitem estruturar um programa de ideias na sua organização, com a participação de várias áreas e pessoas com o propósito de gerar valor coletivamente. Estes softwares facilitam ainda a organização e o gerenciamento de feedbacks, para que eles possam ser incorporados a produtos, serviços ou modelos de negócio.
Eles são uma versão moderna da caixa de sugestões tradicional do escritório, funcionando de maneira digitalizada e transparente. Permitem criar um ambiente colaborativo onde as pessoas podem comentar, dar likes e patrocinar ideias, aumentando assim o engajamento entre colegas, bem como a discussão e a avaliação das ideias sugeridas.
Hoje as empresas estão cada vez mais horizontais, com menos hierarquias entre as lideranças e o time da operação. Empresas com uma cultura mais aberta devem se tornar as líderes das próximas décadas.
Hackatons
Uma das mais antigas (e agora renovada) maneiras de se obter inovações é por meio de competições. Os eventos chamados hackathons estão cada vez mais populares e funcionam como uma ferramenta moderna para a inovação de produtos, serviços, processos ou modelos de negócios. O conceito significa desenvolver uma solução para um problema específico num curto período. Hackathon é a junção das palavras hack e marathon: hack representa a resolução experimental e criativa de problemas e marathon significa que se trata de uma maratona para chegar no objetivo.
A atividade é uma oportunidade para desenvolver e introduzir novas soluções no mercado de maneira mais rápida e com menos uso de recursos. E a metodologia não vale somente para empresas de TI, sendo adotada por organizações de todos os segmentos. Os hackathons funcionam assim: após um briefing que define o escopo do desafio, as equipes procuram identificar as necessidades e problemas do usuário, gerar novas ideias e protótipos, desenvolver um modelo de negócios sustentável e, ao fim, apresentar para uma banca julgadora, que define qual é o time vitorioso.
Parceria com startups
Outra maneira de atrair a inteligência externa para projetos da sua organização é buscar parcerias com startups. O desafio é grande neste sentido, mas os resultados podem compensar. Por um lado, as grandes corporações devem diminuir a burocracia no momento da contratação de empresas nascentes. Por outro, as startups têm mais velocidade para entregar um produto que esteja ajustado a uma proposta de valor.
Um mercado de R$ 1 milhão pode parecer bem promissor para uma companhia nova, mas talvez não seja tão atrativo para uma grande organização. Vale então buscar uma parceria para explorar em conjunto este mercado nascente, na promessa de testar um modelo de negócio que seja replicado para segmentos de maior valor.
Essa aproximação com as startups pode ser realizada de diversas maneiras. Uma das mais fáceis é buscar participar de eventos ou criar programas para a troca de informações. Vale lembrar que as empresas nascentes são formadas, de maneira geral, por ex-funcionários de grandes empresas ou por jovens talentos egressos de universidades. Abrir um canal de diálogo com esse público pode ser interessante.
Existem ainda as empresas que realizam aportes em rodadas de investimento de uma startup. A Endeavor Brasil ajuda neste sentido e publicou o estudo Mapa de Acesso a Capital, oferecendo um guia sobre alternativas de financiamento. Uma empresa pode até mesmo adquirir uma startup, desde que ela tenha um “fit estratégico” com o negócio.
Outra maneira de relacionamento são as Aceleradoras, que permitem que uma startup possa se sustentar e crescer de maneira mais rápida. Existem diversas corporações que aceleram novos negócios como parte da sua estratégia corporativa. Um exemplo é a Oxigênio, focada em fintechs e financiada pela Porto Seguro.
Além da criação de aceleradoras, existe um novo instrumento chamado corporate venture, que são grandes corporações investindo em negócios inovadores. Semelhante aos fundos de capital de risco tradicionais, o aporte é realizado nas empresas nascentes, mas a diferença é que os corporate ventures têm um interesse estratégico.
“O mais importante do que remunerar o investimento é ganhar vantagem competitiva, gerar inovações e colocá-las rapidamente no mercado”, afirma o professor do Insper Marcos Hashimoto em entrevista à revista PEGN.
Crowdsourcing
O crowdsourcing é uma técnica de gestão que usa a inteligência coletiva para pensar no desenvolvimento de novos produtos e inovações. A ideia por trás dele é simples: uma organização lança um questionamento às multidões para buscar a solução de problemas ou desafios. Estas “multidões” são compostas por indivíduos com variadas habilidades, competências e perspectivas, e de maneira geral, conseguem adicionar mais sabedoria ao projeto do que somente consultar especialistas e colaboradores internos.
A farmacêutica Novartis investe forte nas multidões. É uma das empresas mais respeitadas no mundo por seu investimento em P&D. No entanto, acha útil solicitar ideias aos seus mais de 100 mil colaboradores por meio de um aplicativo chamado IdeaPharm. Os colaboradores oferecem diversas perspectivas e podem agregar valor aos produtos que estão em produção, com muitas dessas ideias chegando ao mercado.
Cocriação
A cocriação é uma abordagem de desenvolvimento de produto e serviços que traz uma grande variedade de opiniões para encontrar soluções ou novos conceitos – na maior parte das vezes escutando os consumidores. Significa trabalhar com os usuários finais de seu produto ou serviço para trocar conhecimentos e informações, a fim de proporcionar uma experiência mais bem ajustada a sua proposta de valor.
“Trata-se de um processo ativo, criativo e social, baseado na colaboração entre produtores e usuários, que é iniciado pela empresa para gerar valor aos clientes”, afirmam os autores C.K. Prahalad e Venkat Ramaswamy.
Enquanto no crowdsourcing, a organização apresenta um problema ao público na esperança de encontrar uma solução viável, na cocriação ela envolve o cliente diretamente nos processos de criação de valor e desenvolvimento de produtos.
É um processo contínuo e colaborativo entre funcionários e clientes da organização, com a construção de um relacionamento duradouro e uma comunidade de entusiastas que têm uma interação regular para inovar e resolver problemas juntos. Um dos pontos positivos dessa metodologia é o aumento da lealdade à marca, especialmente quando envolve o usuário na criação de protótipos e produtos.
Um exemplo é da empresa sueca IKEA, que em 2018, lançou a plataforma digital IKEA Co-Create para incentivar clientes e fãs a desenvolverem novos produtos. Nesta ação, a empresa solicitou sugestões de ideias de produtos aos clientes, organizou bootcamps para trabalhar com empresários, colaborou com estudantes universitários para buscar soluções de produtos e realizou a conexão com laboratórios de inovação em todo o mundo.
O participante que desse uma boa ideia e fosse escolhido, poderia até receber recompensas em dinheiro. Esta abordagem levou a milhares de sugestões de clientes, incluindo mudanças em alguns dos móveis da empresa, além de contribuir para a criação de uma comunidade de clientes fidelizados.
Joint-ventures ou spin-offs
A inovação aberta pode ser colocada em prática por meio de joint-ventures e spin-offs. De maneira simplificada, um conceito é a oposição do outro. A joint-venture é quando duas empresas celebram uma união estratégica com objetivo de oferecer novos produtos e serviços ao mercado.
Sendo que cada empresa é especialista em uma parte do processo, essa comunhão é uma forma de agilizar o lançamento no mercado, ampliar as linhas de negócios e aumentar margens de lucratividade. Um exemplo é quando um fabricante forma uma joint-venture com uma empresa de outro país para explorar aquele mercado.
Já o spin-off é o caminho oposto. Trata-se da criação de um novo empreendimento que visa resolver problemas específicos, que num primeiro momento não está alinhado ao modelo de negócios atual ou com as competências essenciais da organização-mãe. A criação de uma empresa spin-off, conforme artigo da Harvard Business Review, é uma maneira da empresa crescer fora do seu core business.
É uma forma de criar um negócio para inovar e expandir as operações de forma independente, até que ele ganhe maturidade. O conceito é também explorado como organizações ambidestras. Os clubes de benefícios Smiles e Multiplus são spin-offs oriundos das companhias de aviação GOL e LATAM, respectivamente.
Conclusão
Ufa, chegamos até o fim. O que a SENNO quer com esse material é que você consiga entender um pouco mais do conceito de inovação aberta. Acreditamos que promover informação de qualidade é a melhor forma de gerar valor para clientes e parceiros. O que também é o objetivo deste post que preparamos de maneira exclusiva.
Falamos aqui de conceito, história, benefícios e desafios da inovação aberta. Sabemos que é um tema novo para muitos, que ainda não está presente na realidade de todas as organizações, especialmente as brasileiras. Um dos nossos valores é compartilhar conhecimento, tornando assim o ecossistema de inovação mais forte.
Caso você tenha ficado com alguma dúvida, entre em contato conosco. A inovação aberta é uma parte integrante do nosso DNA. Acreditamos que é a maneira mais eficiente de encontrar e garantir o futuro da sua organização. Estamos aqui para ajudar nesta jornada, que como tudo que envolve inovação, é sempre fascinante.
Caso queira ler outros posts sobre o tema, visite o nosso blog. Nele sempre publicamos novidades e informações sobre inovação aberta, gerenciamento de ideias e colaboração.