Resumo:

  • Empresas bootstrapped financiam seu crescimento via fluxo de caixa.
  • Já empresas apoiadas por ventures, alavancam seu crescimento via capital de risco.
  • Além dessas diferenças básicas, há uma série de considerações que precisam ser analisadas para o seu negócio ter sucesso.

Nem todo mundo entende de financiamento de empresas e startups e jargões do mercado como Bootstrapped vs Venture Capital, mas imagine a seguinte situação:

Você tem uma ideia interessante, estudou seu público-alvo e testou um protótipo da solução que criou, com alguns usuários e a reação foi extremamente positiva. Você acredita que tem uma inovação valiosa em mãos e agora? 

Resta elaborar um plano de negócios, arrumar sócios que vão te ajudar na jornada e contratar as pessoas necessárias para tocar a operação. Tudo isso exige financiamento que a maioria das pessoas não tem. O que fazer então?

Existe todo um ecossistema que apoia negócios a saírem destes estágios iniciais para se tornarem empresas de sucesso que podem valer milhões ou até mesmo bilhões.

Vamos detalhar estes dois formatos de construção de negócios, o Bootstrapped vs Venture Capital, seus benefícios e desvantagens para quem está nesta jornada.

Bootstrapping

O termo se refere a uma empresa que depende do fluxo de caixa para viabilizar seu crescimento. Isso não significa que ela eventualmente não tome financiamentos, mas eles não correspondem à principal fonte de recursos para manter o crescimento futuro da empresa.

Métodos de Bootstrapping 

Há diversas formas de você financiar uma empresa via bootstrapping, sendo que os mais comuns são:

  • Financiamento próprio: Usando suas próprias economias.
  • Endividamento: Utilizando crédito pessoal.
  • Sweat Equity: Contribuição não-remunerada em troca de participação. 
  • Fornecedores: Parecido com o sweat equity, mas este é acordado entre empresas.
  • Família e Amigos: Levantamento de capital via relacionamentos próximos.
  • Investidor Anjo: Pessoas que assumem o risco de investir numa empresa em estágio inicial. 

O bootstrapping é a opção padrão para a maioria dos empreendimentos, e é um trabalho duro. É preciso muita disciplina e ter foco em ser lucrativo e eficiente desde o primeiro dia. O crescimento tende a ser mais linear nestes casos.

Há um apelo em ser o “dono do próprio nariz” e ter uma maior liberdade para moldar sua solução conforme sua visão ideal.

Em contrapartida, a pressão do negócio dar certo fica concentrada nos fundadores que precisam saber lidar com os problemas de maneira autônoma.

Venture Capital

Já uma empresa apoiada por venture capital, é a situação oposta. Ela depende da injeção de capital para viabilizar seu crescimento futuro, independentemente de quanto capital precisa levantar.

É uma forma mais agressiva de escalar um negócio com o intuito de obter uma grande fatia do mercado total disponível.

Essa modalidade utiliza o dinheiro, expertise e conexões da firma de venture como alavanca para o crescimento da empresa que está recebendo investimento. 

Cada venture tem uma tese de investimento e critérios para definir o retorno que se espera. Para se ter um panorama geral do que significa o retorno esperado, podemos olhar a distribuição de empresas por valor de mercado.

Investidores de venture não estão procurando retornos de 5% ao ano, são números que não justificam o risco envolvido no processo. O retorno necessário ao final precisa ser de múltiplas vezes o capital investido.

Isso significa que ou você se propõe a mirar (e apostar) alto, ou seu negócio não vai ser selecionado por um grande fundo.

Essa decisão também implica em ter que lidar com diluição de sua participação, será preciso saídas maiores para compensar a perda.

Numa situação em que você tem 50% de participação e realiza uma saída de 100 milhões, você receberia 50 milhões. Já se você realizar uma saída de 500 milhões, possuindo apenas 5% do capital, sua parte será de 25 milhões. 

É justo argumentar que o negócio só chegaria neste patamar com a ajuda da injeção de capital, é por isso que, em geral, o venture sozinho é considerado uma faca de dois gumes para o empreendedor.

Investidores normalmente investem em dezenas ou centenas de empresas de uma vez, sabendo que nem todas vão virar uma empresa de bilhão.

O capital injetado é feito para que você prove seu valor o mais rápido possível, ou seja deixado de lado por uma próxima startup mais promissora. 

Bootstrapped vs Venture Capital na hora de escalar

Time: Empresas financiadas por fluxo de caixa apostam em talentos potenciais, sendo pessoas em início de carreira que demonstram níveis altos de engajamento e ciclos de aprendizado rápidos, crescendo junto com a empresa.

Já empresas que recebem financiamento de venture, contratam colaboradores com experiência comprovada. Estes possuem em seus currículos uma série de realizações, algo mais compatível com a velocidade de escala que o investidor deseja.

Geração de demanda: Empresas financiadas por dinheiro de investidores tendem a investir mais intensivamente na construção da marca e do produto, inserindo altas quantias em campanhas de marketing para gerar uma grande quantidade de leads tornando-as mais custo-efetivas

Empresas autofinanciadas tendem a se concentrar mais nas vendas do que no marketing por dois motivos: porque não conseguem processar uma grande demanda, e/ou porque seu produto é direcionado a um nicho específico, que não exige tanta escala.

Custos: Quem precisa se autofinanciar, guia seus investimentos conforme o aumento das receitas líquidas. Se você fizer uma análise financeira de uma empresa autofinanciada, ela deve ter índices mais saudáveis que uma empresa bancada por investidores, que, por sua vez, estão gastando de acordo como eles acreditam que a empresa estará daqui a 2 ou 3 anos.

Velocidade: Este é o grande trunfo das empresas financiadas por investimento externo, todos os elementos anteriores estão tentando acelerar esta variável. 

Negócios autossuficientes precisam crescer de maneira estruturada e sustentável, já que alguns passos errados podem significar a sua falência, nos casos mais drásticos, ou um retrocesso de meses ou anos, na melhor das hipóteses.

Os canais de aquisição não podem falhar, as contratações precisam ser acertadas e os ciclos de desenvolvimento do produto serão mais lentos, já que há menos braços disponíveis para desenvolver mais coisas.

O dinheiro do venture garante um colchão contra riscos e permite resolver problemas via força bruta e diversificando a aposta em vários projetos de menor impacto.

Quando optar por receber capital de venture

Andrew Wilkinson, cofundador do Flow (não o podcast), contou em seu Twitter a história de como ele perdeu US$ 10 milhões de dólares financiando sua própria empresa que, aos poucos, foi engolida por um dos vencedores do mercado de produtividade, o Asana, que era bancada via venture capital.

Algumas lições que podemos extrair de quando o venture é importante:

  • Quando o mercado é muito grande, faz sentido levantar capital, tanto para acelerar a aquisição de market share, quanto a preocupação em diluir o capital será menor.
  • Não traga uma peixeira para uma briga de armas de fogo: quando o mercado é muito disputado, você precisará ser intensivo em marketing e vendas para diferenciar seu produto aos olhos dos consumidores.
  • Quando os custos de desenvolvimento são altos, você talvez não tenha outra opção senão uma injeção de capital para viabilizar tecnicamente o negócio.
  • Se o seu modelo de negócio depende de uma massa crítica de usuários para funcionar: não faz sentido estar numa rede social que ninguém usa ou num marketplace que ninguém busca.

Quando optar por financiamento via bootstrapping

  • Nem todo negócio precisa ou vai atingir a marca de bilhões de dólares, se você pretende atender um nicho de mercado e manter sua dominância nele, o investimento seria de pouco valor.
  • Bootstrapping funciona melhor num mercado não competitivo ou se você tem uma vantagem competitiva injusta, como uma marca pessoal ou um canal de aquisição exclusivo.
  • Se o seu modelo de negócio possui margens altas e você já atingiu uma escala considerável.
  • Se não há uma necessidade clara. Empreendedorismo é sobre atender seus clientes, obter receitas e lucros, financiamentos e saídas são partes opcionais.
  • Quando o negócio não for atrativo para ventures: Por mais notícias sobre aportes milionários em startups estarem crescendo, 99% dos empreendedores são rejeitados por investidores; isso significa que a única forma de validar seu negócio é via financiamento próprio.

Conclusão

Viabilizar um negócio não é uma tarefa fácil, a linearidade de problem-solution fit, product-market-fit e business-model-fit não transparecem que você tem idas e voltas no processo e que há uma série de estratégias possíveis para viabilizar sua empresa.

Estes mecanismos de financiamento, junto à tecnologia disponível atualmente, oferecem oportunidades de sonhar muito mais alto do que empresas dos anos 1980 e 1990 jamais conseguiriam. 

Por isso, periodicamente é preciso analisar a equação de Bootstrapped vs Venture Capital, se o seu mercado e a estratégia de negócios irão exigir uma injeção de capital e avaliar o quanto compensa abrir mão de parte da empresa para viabilizar sua visão para a empresa.

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