Resumo:

  • Inovação aberta é sobre facilitar o fluxo dos conhecimentos.
  • Os grandes tipos de inovação aberta são Outside in, Inside Out e Coupled.
  • Podemos definir estratégias para a saída e entrada de inovações.

Analisando a inovação aberta

Ronald Coase, ganhador do Nobel de economia, teorizou que o crescimento de uma empresa está no fato dela conseguir reduzir os custos de transação para seus clientes: quanto mais eficiente ela for em produzir, distribuir e vender suas linhas de produtos, mais bem-sucedida ela será. 

Essa eficiência seria obtida por meio de seus conhecimentos e infraestrutura internas para gerar um processo otimizado para sua cadeia de produção. Entram matérias-primas de um lado, saem produtos vendidos do outro lado.

A competição entre empresas se daria então por quem consegue desenvolver suas capacidades para oferecer os melhores produtos ao menor custo final.

Essa abordagem, voltada a gerar conhecimentos internamente para ter vantagens competitivas, está sendo há bastante tempo revista, devido ao rápido aceleramento tecnológico que vivemos. Uma série de serviços, dados e conhecimentos podem ser acessados externamente por uma fração do custo de se desenvolver internamente.

Por que abrir a inovação?

Inovação aberta é sobre facilitar o fluxo de conhecimentos, não necessariamente sobre a criação de conhecimentos novos. Para isto, é preciso que exista conexão e interatividade constante entre a organização e seu ecossistema de inovação.

Veja principais motivos que estimulam abrir um processo de inovação:

  • Múltiplos atores já estão inovando naquela frente:
    Para que reinventar a roda se você pode se beneficiar de outros inovadores?
  • A máxima “nem todos os caras espertos trabalham para a gente”:
    Encontre quem pode contribuir com suas inovações e complementar suas capacidades, conhecimento de mercado ou tecnológico que façam o seu projeto decolar.
  • Estender e ampliar as capacidades em novas direções:
    Contribuições externas trazem novas perspectivas que ajudam a desenvolver outros tipos de inovações que não estavam no radar da organização.
  • Encontrar novas oportunidades para conhecimentos internos:
    Algumas de suas inovações podem ser a peça-chave para um quebra-cabeça de outra pessoa, sendo uma fonte adicional de receita.
  • Dividir o risco de pesquisas e inovações:
    Quando estamos lidando com conhecimentos que transbordam o existente, há uma grande dificuldade de avançar, a colaboração entre organizações é chave nestes momentos. 

Uma organização, entretanto, tem recursos limitados para absorver, gerenciar, implementar e comercializar inovações. Logo é necessário um direcionamento estratégico para descobrir onde a inovação aberta melhor facilita as ambições do negócio.

Uma única abordagem também não funciona para todas as situações. Os caminhos que podemos seguir e vão contribuir para os desafios particulares que tenho são de vários âmbitos. Costumamos dividi-los em três grandes estratégias para inovação aberta: Outside In, Inside Out e Coupled

Outside in (Outbound)

O processo de inovação outside in (de fora para dentro) alimenta a inovação por meio da integração de conhecimento externo, de parceiros, fornecedores, clientes e outras fontes. 

Este processo reflete a compreensão de que o lugar da geração de conhecimentos, não é necessariamente igual ao local da inovação. Empresas de tecnologia como IBM e Cisco investem na colaboração com seus ecossistemas, como importantes fontes de inovação.

A IBM tem uma série de iniciativas que integram negócios distintos em grandes projetos visando criar joint-ventures. Assim como a Cisco que monitora e investe em startups jovens que possam usar seus produtos e serviços como alavanca para crescerem. 

Inside Out (Inbound)

O processo inside-out de inovação oferece a agentes externos o conhecimento que é domínio da organização, gerando receitas via licenciamento ou venda de ativos de propriedade intelectual.

Outro benefício deste processo é que ele pode acelerar a difusão de uma ideia, tecnologia e padrões de uso para o mercado. Empresas que se favorecem deste processo são as que possuem conhecimentos que tenham uma grande variedade de aplicações, logo pode oferecer a mesma propriedade intelectual a diferentes segmentos.  

A Microsoft deixou de chamar o movimento open source de câncer e reconheceu que para alcançar mais clientes, teria que parar de forçar seus usuários a usarem o Windows. Hoje é a maior contribuidora do open source com mais de 60 mil patentes.

Coupled:

Este processo é a combinação dos dois anteriores, ganhar conhecimento externo e comercializar ideias. Para fazer isso adequadamente, é preciso que a empresa tenha desenhado estratégias para inovação aberta de como irá cooperar dentro de seu ecossistema.

Em certos tipos de projeto de inovação a única forma dele ser sustentável é cooperando. Até mesmo com empresas rivais, as grandes marcas de smartphones Samsung e Apple, simultaneamente criam produtos diferenciados, ao mesmo tempo que integram suas cadeias de produção.

Se a Samsung não disponibiliza sua tecnologia de Super Retina, a Apple pode buscar um outro fornecedor para suas telas, como a LG ou a BOE Technology que oferecem os componentes para os celulares do Google e Huawei.

Estratégias para inovação aberta

Entendemos os principais processos de inovação aberta, agora podemos sistematizar em algumas estratégias que sua organização pode fazer proveito quando da entrada e saída de inovações:

Estratégias de inovação aberta

Comprar/Incorporar: Quando o custo de desenvolver uma nova tecnologia for maior que adquirir por terceiros, é interessante para a organização fazer essa aquisição externamente. Porém é preciso analisar se haverá dificuldades na assimilação, manutenção e aperfeiçoamento do conteúdo adquirido. Alguns exemplos são as aquisições da Del Valle pela Coca-Cola (2006), Beats pela Apple (2014) e WhatsApp pelo Facebook (2014).

Buscar: Criar conhecimento internamente pode ser muito demorado e/ou dispendioso. Hoje há uma abundância de conhecimentos disponíveis que podem ajudar no desenvolvimento da inovação e que requerem pouco investimento.

Devemos lembrar também que o mundo atual é extremamente conectado e o volume de informação só tende a crescer. Logo nenhuma organização detém de fato todo o conhecimento de determinada oportunidade de inovação. Portanto, buscar informações externamente é a forma mais indicada de realizar inovações. 

Alguns casos de sucesso bem conhecidos são da Procter & Gamble (P&G), que nos anos 2000 criou a estratégia Connect & Develop de Inovação Aberta e teve bons resultados.

A Novartis, por sua vez, investe forte em crowdsourcing e criou o aplicativo IdeaPharm, para que seus 100 mil funcionários possam colaborar com ideias. Por fim, a Lego criou em 2008 o projeto Ideas, que premia as contribuições do público que são comercializadas com 1% dos royalties.

Vender: Esta é uma forma de transferir ou licenciar suas propriedades intelectuais para terceiros, quando esta estratégia é interessante sob a ótica financeira ou da inovação. Organizações como a Nasa licenciam o direito de uso de algumas de suas tecnologias patenteadas. Desde 1976, a Nasa tem mais de 2.000 produtos e tecnologias que melhoram a vida na Terra. Outras companhias de grande apelo popular como a Mauricio de Sousa Produções e a Disney tem nos licenciamentos de marcas e personagens uma importante fonte de receita

Revelar: A forma que hoje as inovações são disseminadas permite que elas sejam rapidamente copiadas. Faz sentido então licenciar ou revelar sua inovação para que ela seja compartilhada, converta-se em um padrão do qual você pode se tornar um fornecedor de referência ou usar inovações complementares para de fato obter lucro. 

Existem empresas que fazem uso dessa estratégia para estimular mercados e obter retornos direta e indiretamente. O Google usa essa tática com o Android, que tem uma natureza de código aberto e se tornou o sistema operacional mais usado em smartphones. A Tesla é outro exemplo. Ela licencia as suas tecnologias automotivas, por exemplo, para outros fabricantes, de maneira a pagar parte da pesquisa & desenvolvimento. 

Conclusão

Vimos o quão útil pode ser usar estratégias para inovação aberta quando analisamos suas aplicações práticas. Para usar a abordagem com sucesso, é importante entendermos as condições e contexto dos projetos que estamos trabalhando. Por exemplo, quanto os stakeholders já se conhecem e se trabalham bem, qual o nível de complexidade do projeto e o nível de incerteza da inovação.

Outro desafio das iniciativas de inovação aberta é coordenar os fluxos de conhecimento e os recursos que estão envolvidos. Pensando nestes problemas, a SENNO desenvolveu soluções que otimizam o gerenciamento do processo e oferecem guias práticos para você desenvolver seus projetos, como o nosso aplicativo de gestão de inovação. 

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