Resumo:

  • A era pós-digital é caracterizada pela integração completa da tecnologia no cotidiano.
  • Empresas precisam mudar a forma de pensar para atender às novas demandas de consumidores digitais.
  • A coleta de dados é fundamental para entender o comportamento do consumidor e melhorar a experiência.
  • As empresas devem estar preparadas para a inovação constante, antecipar tendências e se adaptar rapidamente.

É comum as empresas desenvolverem um planejamento de inovação para terem capacidade de se adaptar continuamente às mudanças do ambiente, seja do mercado, dos concorrentes ou a chegada de novas tecnologias.

Tão verdade é o fato que boa parte das organizações estão se beneficiando de novos modelos e processos digitais.

Mas muitos executivos, líderes e empreendedores continuam se perguntando como gerar valor nessa era pós-digital e quando devem começar. 

A resposta da primeira questão depende, claro, do mercado de atuação de cada organização. Quanto a segunda, este é o momento. 

Quem corrobora com essa afirmação é o estudo Accenture Technology Vision 2019. A pesquisa mostra que 45% das empresas tiveram uma forte aceleração no ritmo de inovação nos últimos três anos devido às tecnologias emergentes. Outros 49% aumentaram um pouco o ritmo, enquanto apenas 6% permanecerem no mesmo nível.

Um dado relevante é que nenhum dos 6.672 executivos de negócios e TI falaram que a velocidade da inovação é lenta em suas corporações. 

O texto afirma que a era pós-digital oferece enormes oportunidades de geração de valor, mas que o outro lado da moeda é a necessidade de um investimento contínuo.

“O poder da computação na nuvem e da inteligência artificial continuará a avançar. Quando combinada com tecnologias de registro distribuído, realidade estendida e computação quântica, vai acontecer uma reformulação da esfera de negócios e das relações com indivíduos: clientes, colaboradores e demais parceiros do seu ecossistema: eles são críticos para o seu crescimento futuro”.

Accenture Technology Vision 2019

Este é outro ponto que chama a atenção. Embora o relatório tenha um título relacionado a tecnologia, boa parte das previsões focam em pessoas e processos.

Não é de hoje que para ter uma cultura inovadora, o principal ativo de uma empresa é o seu time. São eles os agentes de transformação que movimentam a cadeia de valor em qualquer organização. 

Valorizar e entender profundamente as pessoas é um dos motes da economia pós-digital, que será caracterizada por empresas que procuram incessante uma vantagem competitiva agora no presente e no futuro.

Neste sentido, o relatório aponta cinco tendências para estas empresas que buscam uma diferenciação.  Saiba mais na lista abaixo.

As tecnologias DARQ despontam

Existe apenas uma coisa que as empresas de tecnologia gostam mais do que lançar as mais recentes tecnologias: elas adoram criar nomes para suas próprias tecnologias. E nesta sopa de letrinhas, de acordo com a Accenture, o mundo pós-digital está se movendo de um ambiente SMAC para DARQ. Pode parecer confuso, mas faz sentido. 

Vale a pena explicar que SMAC é a sigla para Social, Mobile, Analytics e Cloud Computing e que significa o extrato atual da realidade. Afinal, hoje em dia nenhum executivo consegue ignorar redes sociais, aplicativos móveis, a gestão data driven ou mesmo o impacto que a computação na nuvem e o conceito de software como serviço (SasS) trouxe de benefícios em termos de performance, mobilidade, custo de operação e produtividade.

O trend scouting da Accenture agora lança luz sobre o DARQ, acrônimo para as tecnologias de registro distribuído (DLT), inteligência artificial (IA), realidade estendida (XR) e computação quântica. Das companhias entrevistadas, 89% já estão testando uma ou mais destas tecnologias.

“Elas devem ser catalisadoras de mudança, sendo a próxima fonte de diferenciação e de tecnologia disruptiva. À medida que essas tecnologias ganhem maturidade e comecem a convergir, permitirão expandir as capacidades digitais para criar experiências inteligentes e altamente personalizadas”, afirma Paul Daugh, diretor de tecnologia e inovação da Accenture. O texto avança, destrinchando cada uma destas siglas. 

  • DLT é um banco de dados ou de registros comunitário e descentralizado. Toda a tecnologia blockchain é baseada no conceito de DLT. O blockchain, aliás, tem esse nome por gravar as informações em uma cadeia de blocos. 
  • A inteligência artificial, por sua vez, não é mais uma tendência, e sim uma realidade, com dezenas de aplicações e empresas que vendem soluções baseadas nela, a exemplo da SENNO. 
  • A realidade estendida é um conceito engloba outras tecnologias como a Realidade Virtual (VR), Realidade Mista (MR) ou Realidade Aumentada (AR), típicas do mundo imersivo e que terá aplicações em indústrias, publicidade e salas de aula. 
  • Por fim, a computação quântica é a mais distante em termos de maturidade. No momento, é um investimento impraticável para a maioria das empresas, mas vem avançando a passos largos. Ela, porém, traz vantagens exponenciais em termos de poder de processamento, portanto a Accenture pede para CIOs e líderes de negócio manterem em seu radar. 

O estudo traz ainda dados de adoção destas tecnologias, classificando de acordo com a sua relevância no cenário atual. Para cerca de 41% dos entrevistados, a inteligência artificial terá o maior impacto em suas organizações nos próximos três anos, enquanto 19% dizem a sua agenda está focada em registros distribuídos para o mesmo período. 

Este crescente interesse repercute no mercado. Os aportes em startups de blockchain e de moedas digitais somaram US$ 3,9 bilhões nos três primeiros trimestres de 2018, um número três vezes maior do que o total de 2017. Já o montante de investimentos em companhias que desenvolvem as tecnologias de VR e AR foi de US$ 3,75 bilhões entre 2016 até o terceiro trimestre de 2018.

A conclusão da Accenture sobre as tecnologias DARQ é que à medida que elas ganham tração, irão ampliar o alcance e as capacidades do negócio, tendo como ponto de partida os investimentos feitos no ciclo SMAC.

Estas estratégias, por sua vez, já estão naturalizadas, tanto que 92% dos entrevistados concordam que o conceito foi uma forma de diferenciação e de geração de valor. 

Muito prazer em te conhecer

“Um mundo pós-digital não significa que o digital irá acabar. Muito pelo contrário, estamos fazendo uma nova pergunta: quando todas as empresas desenvolverem sua competência digital, qual será o seu diferencial?”, pergunta Paul Daugh. 

Uma das respostas que a consultoria traz é conquistar novos consumidores e criar oportunidades únicas. Isso pode ser feito por meio de tecnologias como o Big Data e por uma gestão mais assertiva, típica do conceito data driven, onde todos os pontos de contato de uma empresa com seu cliente podem ser registrados e analisados. 

A oportunidade em questão aqui é criar uma identidade única para cada um dos seus consumidores e gerando “uma base viva de conhecimento que será a chave não só para compreender a próxima geração de consumidores, mas também para proporcionar um serviço rico, individualizado e com relacionamentos baseados em experiências”, afirma o documento. 

De acordo com o paper, 83% dos executivos concordam que a demografia digital dá as suas organizações uma nova forma de identificar oportunidades de mercado para as necessidades não atendidas dos clientes. E 41% destes líderes concordam que compreender os comportamentos dos consumidores em torno da tecnologia será fundamental para a organização aumentar a lealdade deles.

O desafio desta macrotendência é aprender a lidar com ambiguidades e, principalmente, criar uma relação de confiança. Ou seja, é preciso aprender qual é o momento certo para abordar o cliente com uma oferta, uma vez que os consumidores apreciam seus momentos de desconexão. 

“A individualização da mensagem também é desafiadora, pois há uma linha muito tênue entre o útil e o bizarro. Se as empresas quiserem fortalecer esses relacionamentos personalizados, é importante que compreendam o equilíbrio frágil e em constante mudança entre personalização e privacidade”, resume a consultoria.

Empodere o seu colaborador

Para continuar avançando em direção ao mundo pós-digital, as organizações precisam ter uma prioridade estratégica e de investimento em seus colaboradores. São elas e eles que vão patrocinar a inovação, gerir e modificar processos, transformar digitalmente uma companhia e garantir seu o sucesso a longo prazo. 

A Accenture diz que a questão não se resume em adotar ou não novas tecnologias no ambiente de trabalho, mas na aquisição de habilidades, na qualificação dos times e na criação de uma cultura aberta e transparente. Somente assim será possível gerar valor tanto para público interno, como para consumidores.

“Os colaboradores de hoje estão empoderados por suas habilidades, conhecimentos e capacidade em tecnologia. Chamamos esta força de trabalho de profissional+”, afirma Michael Biltz, diretor de gestão da Accenture.

A consultoria avança, dizendo que em paralelo aos investimentos necessários em tecnologia, as organizações precisam também focar no seu público interno. 

Este movimento deve potencializar o valor gasto em transformação digital, que deve chegar a US$ 2,3 trilhões em 2023, de acordo com a IDC. “Isso pode decidir os vencedores e os perdedores na era pós-digital: em todos os setores, é a força de trabalho que dará vida a promessa destes investimentos”.

Isso faz mais sentido quando se aplica uma lente econômica e financeira. Em entrevista para a revista americana Forbes, Michael Biltz diz que nos Estados Unidos, a rotatividade média de um colaborador em uma função é de três anos. “A gente nem sequer conta o número de funções que você pode ter dentro de uma empresa, mas como faço para treinar constantemente os trabalhadores se eles estão constantemente mudando de posição?”, pergunta o especialista. 

Um feeling que é corroborado pela pesquisa. Cerca de 43% dos executivos relatam que mais de 60% de sua força de trabalho mudará para novas funções dentro de três anos devido ao impacto da tecnologia. E 78% dos gestores afirmam que este movimento aumenta a necessidade de requalificação em suas organizações.

O problema é que ainda está se recrutando, contratando e gerindo recursos humanos com técnicas do passado. O relatório afirma que este é o momento de adotar estratégias tecnológicas para capacitar o público interno. 

Um exemplo é que a formação de novos colaboradores (e dos existentes) ainda é ultrapassada.

“Mesmo com a esmagadora maioria dos colaboradores relatando que precisam novas habilidades, apenas 30% deles participaram de alguma formação relacionada com estas competências nos últimos seis meses”. 

Outro dado mostra que as estratégias de RH estão na contramão das expectativas do público interno, especialmente os mais jovens. “Mais de 40% dos millennials classificam em segundo lugar a aprendizagem e o desenvolvimento, atrás apenas do salário, como o benefício mais importante na decisão de onde trabalhar”.

A combinação de inteligência artificial e a realidade estendida pode ser uma solução para responder a este desafio, gerenciando o conhecimento e as habilidade dos colaboradores e dando oportunidades de crescimento pessoal. É uma maneira moderna de transformar a forma como se encontra talentos, oferece-se treinamentos e oportunidades de aprendizagem. 

“Na guerra por talentos, os líderes estão reconhecendo que a característica mais importante de seus funcionários não é de onde vêm, mas o quão longe eles conseguem ir”, sentencia o relatório.

Não esqueça da chave

Sob o lema Segurança para Nós, Segurança para Mim, a Accenture afirma que a segurança digital se tornou uma forma de diferenciação no mercado e de geração de valor. Mas isso vai exigir uma longa jornada.

Cerca de 87% dos entrevistados acreditam que suas organizações devem repensar suas abordagens em relação a segurança, para não defender apenas o seu próprio negócio, mas todo um ecossistema. “A cibersegurança já não é um esforço individual, é importante que haja cooperação com os parceiros em rede”, afirma o pesquisador Michael Biltz. 

Vale lembrar que os ataques cibernéticos têm escalas cada vez maiores e que mundo físico é cada vez mais controlado pelo digital. O WannaCry, por exemplo, infectou cerca de 300 mil computadores em 150 países em poucos dias. O vírus usou uma vulnerabilidade do Windows e pedia um resgate para que as companhias pudessem resgatar seus dados, tanto os internos, como de clientes. 

Um case de inovação aberta na questão de segurança digital foi realizado pelo banco JPMorgan Chase, a operadora de cartão de crédito Mastercard e outras empresas. O exercício conjunto de cibersegurança visava aprender a como responder em caso de ataques simultâneos em seus sistemas de pagamento. Estas companhias encontraram brechas de segurança, diferentes abordagens para se defender das ameaças virtuais e melhorar drasticamente a capacidade de resposta.

Dados da própria Accenture mostram que 71% dos líderes em TI acreditam que os ciberataques são uma caixa preta e não sabem qual seria o efeito de um ataque. E apenas 39% destes gestores acreditam que os dados trocados com parceiros ou terceiros estão adequadamente protegidos por sua estratégia de segurança digital. 

Por isso, a cooperação é tão importante. Outro case do relatório Tech Vision é da Vendor Security Alliance, uma organização sem fins lucrativos que avalia, qualifica e audita fornecedores de tecnologia, garantindo padrões de segurança. Entre os fundadores da Vendor estão o Uber, a Square e a Palantir. 

“As empresas devem olhar não apenas para seus parceiros, mas também para sua indústria de forma mais ampla. É provável que outras empresas, mesmo concorrentes, estejam enfrentando os mesmos desafios, e existe uma oportunidade de construir soluções que tornem a condução dos negócios mais segura para cada organização”. 

Mercados momentâneos são tendência

O fotógrafo Henri Cartier-Bresson criou o conceito de instante decisivo. Na visão do francês, um momento único e singular, uma janela para capturar a beleza, realidade e verdade de uma foto. O mercado vem se apropriando desta ideia e criou outro termo que vai fazer parte das novas vidas, os mercados momentâneos. 

Ou seja, qualquer negócio deseja entregar bens e serviços para o cliente no momento exato em que surge a necessidade. Isso será finalmente possível na era pós-digital. 

O que existe hoje são as recomendações personalizadas de conteúdos ou compras em plataformas de streaming ou em lojas virtuais, respectivamente. Mas para a Accenture, essa plataforma de inovação vai além disso. 

A consultoria acredita que a fusão das tecnologias de Inteligência Artificial, Big Data, Analytics, IoT e 5G vão permitir aos consumidores acessarem produtos e serviços personalizados em qualquer momento. Para essa ‘profecia’ acontecer, as empresas precisarão entregar produtos customizados em menos tempo e com custo baixo.

A montadora americana General Motors, por exemplo, instalou impressoras 3D em uma fábrica. A ideia é que quando uma ferramenta usada pelos trabalhadores quebra na linha de montagem, eles possam imprimir uma peça substituta, sem parar a produção de automóveis. O custo de impressão é estimado em US$ 3. 

A integração entre customização e entrega em tempo real será a próxima grande vantagem competitiva.

Cerca 85% dos entrevistados pela Accenture concordam que “quem entender o comportamento dos consumidores com profundidade suficiente e aproveitar as enormes oportunidades de capitalizar os mercados momentâneos, vai largar na frente dos concorrentes”. 

Outro case é da farmacêutica Merck, que implantou sensores em máquinas e em armazéns ao longo de toda a sua cadeia de abastecimento. Com todos os dados integrados, ela consegue ter uma visão em tempo real da operação e analisar a demanda futura cerca 80% melhor do que com as técnicas do passado.

A fabricante de equipamentos para telecom Infinera é outro caso de sucesso. A companhia levava 36 horas para fornecer cotações de preços e de estoque. Ao integrar inteligência artificial em seu inventário, a gestão de preços passou a ser feita em tempo real, aumentando conversão de vendas e a satisfação do cliente. 

“A tecnologia está criando um mundo de experiências altamente customizadas. É importante que as empresas encontrem e capturem essas oportunidades”, afirma Marc Carrel, diretor geral sênior da Accenture. 

Ou seja, as empresas não precisam somente identificar os mercados instantâneos, mas ter poder de competição quando os momentos acontecem.

“À medida que as companhias expandem o uso de ferramentas digitais na sua cadeia de valor, elas irão melhorar a sua capacidade para responder a estas oportunidades em escala. No futuro, elas podem ter a capacidade de prever estes momentos, completando um círculo”, finaliza o paper da Accenture. 

Conclusão

As nossas vidas estão se tornando mais conectadas, com destaque para a revolução que já está acontecendo na comunicação e no universo da tecnologia.

A grande questão é se manter competitivo no mundo pós-digital. 

Uma recomendação de hoje para gerar valor é conhecer o comportamento dos consumidores, tomar decisões baseadas em dados, fomentar a fidelidade à marca, valorizar seu time, usando talentos como premissa de diferenciação. 

Obviamente não há resposta simples, fácil e rápida para as transformações futuras. Todas as iniciativas acima dependem de muito esforço e de começar uma jornada de inovação. O lado positivo é que a maior parte das empresas já está conscientizada sobre a extensão do mundo pós-digital. Outra parte delas ainda está em processo de convencimento.

De acordo com a Accenture, o significado de pós-digital para as empresas é mirar no que vai acontecer no futuro para obter o máximo valor possível dos investimentos que já estão sendo realizado agora em transformação digital. 

“As pessoas não dizem que vivem na era da eletricidade. Logo, os dias em que se chamava algo digital para insinuar que é novo e inovador estão contados. A palavra se tornou um clichê para o consumidor. Em breve, será o mesmo no mercado corporativo.

Não há necessidade de dizer que você é um negócio digital. Se você está em um negócio, investir em digital é subentendido. Ao dominar os investimentos digitais com vista a um futuro pós-digital, os líderes irão se posicionar para o sucesso nos próximos anos. A organização digitalizada será a base para impulsionar a inovação futura”.

Com isso, finalizamos este post sobre o relatório de macrotendências da Accenture em tecnologia. Acreditamos que este material pode ser bem útil para seu time e esperamos que tenha apreciado a leitura.

A SENNO auxilia empresas de a entender e gerenciar a sua jornada de inovação, visando transformar informação e ação. 

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